domingo, 27 de setembro de 2020

Dica - acentuação dos verbos derivados de pôr / concordância com 'é bom' & cia. / concordância com coletivos partitivos / existe gravidezes?

 O verbo pôr mantém o acento circunflexo para diferenciar da preposição por, mas nenhum derivado de pôr é acentuado. Esses só são acentuados graficamente na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: ele propôs, ele compôs.

Construções com o verbo ser seguido de adjetivo, como é permitido, é preciso, é proibido e é necessário, sem elemento determinante (artigo, pronome ou numeral), ficam invariáveis. Caso contrário, variam em gênero e número conforme o determinante.

Quando o sujeito é representado por uma expressão partitiva, por um coletivo, um número percentual, fracionário ou decimal, o verbo pode concordar com o núcleo ou com o especificador.

Qualquer palavra terminada em z tem plural. Portanto, embora pareça estranha, a forma gravidezes existe. Se soar esquisita, substitua por gestações.

Dica - as mudanças são parte? / acentuação de nomes próprios / reúso tem acento? / embora + gerúndio?

 O adjetivo predicativo permanece invariável quando representado por substantivo abstrato ou substantivo de uma só forma genérica.

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, nomes próprios não precisam obrigatoriamente seguir regras de acentuação e ortografia para os nomes comuns.

A palavra reúso é acentuada, pois, pela regra, recebem acento o i e o u tônicos que são a segunda vogal de um hiato, formando sílaba sozinhos ou acompanhados de s. No caso das palavras paroxítonas com i e u tônicos precedidos de ditongo, o acento foi eliminado. Se a palavra for oxítona e o i ou u estiver em posição final, o acento permanece.

A conjunção embora deve ser acompanhada de verbo no subjuntivo. O gerúndio se usa com 'mesmo'.

Dica - existe trazimento e trazida? / carrasca ou carrasco? / bem como tem vírgula? / nem eu nem ele sabe ou sabemos?

 Eventualmente usados, os substantivos trazimento e trazida são sinônimos e significam o ato de trazer.

Carrasco, assim como pessoa, vítima, indivíduo, criança, testemunha, cônjuge, apóstolo e monstro, é um substantivo sobrecomum, ou seja, possui um só gênero para indicar seres tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino. A identificação é fornecida pelo contexto.

Usa-se vírgula para separar quase todas as orações coordenadas (assindéticas e sindéticas).

Quando os núcleos do sujeito são ligados por nem, o verbo pode ir para o singular ou para o plural, dependendo da informação que se pretende transmitir. O verbo pode ficar no singular quando há ideia de exclusão ou quando a ação se refere a cada elemento separadamente. Se os sujeitos forem de pessoas gramaticais diferentes e o verbo só se referir a um deles, concordará com o mais próximo, independentemente de o verbo estar antes ou depois do sujeito. O verbo pode ficar no plural quando há ideia de adição.

Dica - regência do verbo obedecer / é que ou são que? / pronúncia de subsídio / sacolas cinza ou cinzas?

 Os verbos obedecer e desobedecer são transitivos indiretos, regendo a preposição a. Não usá-la constitui solecismo de regência, por mais que sejam semelhantes aos verbos respeitar e desrespeitar.

A partícula de realce é que é um termo invariável, mesmo que o termo seguinte esteja no plural. Pode ser retirada da frase sem nenhum prejuízo ao sentido. Não possui função sintática nem morfológica, apenas estilística. Sem essa expressão, o enunciado perde seu valor enfático.

Qualquer palavra com o encontro consonantal bs seguido de vogal deve manter o som original da letra s, e não alterá-lo para o som de z: absoluto, observar, subsolo, subsídio, subsidiar, subsidiária, subserviente, subserviência. O s só tem som de z em obséquio e derivados, como obsequiar e obsequioso. Admitem-se as duas pronúncias em subsistência e subsistir, embora a pronúncia com som de z seja mais comum.

A palavra obséquio já existia em latim com essa pronúncia.

Qualquer substantivo usado como adjetivo (derivação imprópria) permanece invariável.

Dica - preço acessível ou accessível? / deixar claro ou clara? / chegado ou chego? / zero-quilômetro tem hífen?

 Como acessível vem do substantivo acesso, a pronúncia correta do adjetivo é acessível, e não accessível. Da mesma forma, pronuncia-se aficionado, e não aficcionado, por derivar de ofício, e não de ficção.

Em geral, os adjetivos devem concordar com o substantivo em gênero e número, exceto em alguns casos especiais.

Alguns verbos possuem duas ou mais formas de particípio, são os chamados verbos abundantes, como aceitar (aceitado/aceito), eleger (elegido/eleito), imprimir (imprimido/impresso). O verbo chegar não possui duas formas de particípio. Possui apenas a forma regular: chegado. Não há o suposto particípio irregular 'chego', forma verbal que só existe na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo.

O adjetivo zero-quilômetro é grafado com hífen. É um adjetivo de dois gêneros e de dois números, ou seja, possui a mesma forma para o masculino e para o feminino, para o singular e para o plural.


Dica - abaixo-assinado e abaixo assinado / informamo-lhe ou informamos-lhe? / sujeito e a preposição / zero real ou zero reais?

 Abaixo-assinado - documento / Abaixo assinado - pessoa que o assina

O pronome lhe, colocado de forma enclítica ou mesoclítica, não causa alteração no verbo. Somente o pronome nos, de 1ª pessoa do plural, causa alteração no verbo: levantamo-nos.

Em alguns casos, tanto a forma verbal quanto o pronome podem sofrer alterações:

Com verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os pronomes o, a, os, as não se alteram.

Com verbos terminados em r, s ou z, essas consoantes são eliminadas e os pronomes se transformam em lo, la, los, las.

Com verbos terminados em som nasal, esses pronomes se transformam em no, na, nos, nas.

O sujeito é um termo da oração que não pode ser preposicionado, diferentemente do objeto, que pode ou não ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento. Não se contrai a preposição com o artigo ou pronome que antecede o sujeito de um verbo no infinitivo, embora muitos gramáticos admitam essa contração por questão de eufonia.

Nas construções 'zero grau', 'zero hora' e 'zero quilômetro', como zero representa um numeral sem valor absoluto, deve ser considerado singular. Em Portugal, é encarado como plural.

Dica - regência de verbos antônimos / 1,5 milhão e milhões / entre ou dentre? / a princípio, em princípio ou por princípio

 Geralmente, verbos de sentidos opostos têm regências diferentes: colocar em / tirar de; colar em / descolar de; concordar com / discordar de; habituar-se a / desabituar-se de. Isso não ocorre com os verbos agradar e desagradar e obedecer e desobedecer, que possuem a mesma regência e exigem a preposição a.

'Milhão', 'bilhão' e 'trilhão' só vão para o plural de 2 em diante. Se o número antes da vírgula for 0 ou 1, o verbo permanece no singular.

Dentre é a contração das preposições de ou entre e significa do meio de. Seu uso se limita a verbos que exigem a preposição de, como sair, surgir, ressurgir, tirar, retirar, excluir, constar, que expressa exclusão, inclusão, seleção, relação e ligação. Nos demais casos, quando não há a presença da preposição de, usa-se apenas a preposição entre, que pode significar no intervalo de, no meio de, dentro de, junto de, por meio de, cerca de, etc.

A princípio - no começo, inicialmente / Em princípio - em tese, teoricamente / Por princípio - por convicção

Alguns dicionários: em princípio/a princípio = antes de mais nada

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Dica - concordância com o pronome nenhum / Butantan ou Butantã? / regência do verbo preferir / vir e vier

 O pronome indefinido nenhum exige o verbo no singular, ainda que venha seguido de especificador no plural.

Conquanto o uso tenha consagrado a grafia Butantan, deve-se preferir a forma Butantã. Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal for a.

Na linguagem cotidiana, é comum o uso do verbo preferir para fazer uma espécie de comparação, como se preferir fosse 'gostar mais de algo'. Na verdade, preferir é escolher, pôr alguma coisa antes de outra. Rege dois objetos: o direto, representado pelo que se escolhe e o indireto, regido pela preposição a, representado pelo que se deixa em segundo plano. 

Como o falante misturou a regência de gostar com a de preferir e estabelece o mesmo raciocínio comparativo, 'gosta mais disso do que daquilo' e 'prefere mais isto do que aquilo'. Em termos de gramática normativa, preferir rejeita a locução conjuntiva do que, e advérbios ou locuções adverbiais de intensidade como mais, antes, mil vezes, muito mais, um milhão de vezes.

O primeiro se justifica por associação com o verbo gostar, e o segundo é pleonasmo vicioso, pois a ênfase já é dada pelo próprio prefixo contido no verbo (pre-), que denota superioridade.

Quando antes do verbo houver uma preposição, usa-se o infinitivo. Quando antes do verbo houver uma conjunção ou o pronome quem, usa-se o futuro do subjuntivo.

Dica - a partir de: originar-se? / preposição antes de sujeito / por si só ou sós? / através de ou por meio de?

Como a expressão 'a partir de' indica o tempo ou a origem de algo, seu uso com o verbo 'originar-se' configura um pleonasmo vicioso.

Embora muitos gramáticos admitam a contração, tradicionalmente, não se recomenda, em textos formais como documentos oficiais, artigos científicos e redações, contrair a preposição com o artigo ou o pronome que forma o sujeito de um verbo no infinitivo. O sujeito não pode ser preposicionado, pode ter complemento, mas não ser complemento.

Por si só não é uma expressão fixa, como 'a sós'. O vocábulo só, que é considerado expletivo, como mesmo ou próprio, deve concordar com o substantivo a que se refere. O pronome reflexivo si permanece invariável, pois se refere tanto à 3ª pessoa do singular quanto à do plural.

Sentido físico - através de, por entre, de um lado a outro, no decorrer de, ao longo de / Sentido filosófico ou intelectual - por meio de, mediante, por intermédio de, com o auxílio de, com a ajuda de, graças a

Dica - por hora ou por ora? / concordância com expressões partitivas / nem ou e nem? / paralimpíada ou paraolimpíada?

 Por hora - a cada 60 minutos / Por ora - por enquanto

Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva seguida um elemento no plural, depende de sua posição do sujeito:

Com o verbo depois do sujeito - o verbo pode ficar no singular, concordando com o núcleo ou no plural, concordando com o especificador.

A concordância com o núcleo enfatiza a noção de conjunto, sendo um uso corrente. A concordância com o especificador enfatiza os elementos que o formam, sendo um uso literário.

Com o verbo antes do sujeito - o verbo só pode permanecer no singular, concordando com a expressão.

Não se usa 'e' antes de 'nem', a menos que a primeira oração do período seja afirmativa. Nesse caso, pode-se subentender 'sequer' após o nem. A sequência nem... nem não admite o e.

Quando a palavra é formada por dois elementos, pode-se omitir a vogal final do primeiro, mas não a do segundo: hidrelétrica ou hidroelétrica, mas nunca hidrolétrica.

 

Dica - requis ou requereu? / nem sequer ou sequer? / ao encontro de ou de encontro a? / vamos se ou vamos nos?

 Requerer, que significa solicitar através de requerimento, conjuga-se como querer no presente do indicativo, no pretérito imperfeito, no futuro do presente, no futuro do pretérito, no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo e no imperativo negativo, com exceção da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, que é requeiro. No pretérito perfeito, no pretérito mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no futuro do subjuntivo e nas formas nominais, segue a conjugação de vender, logo, é regular.

Embora se defenda que, para indicar negação, a forma correta seja nem sequer, o uso consagrou o advérbio sequer como independente. Não confunda o advérbio sequer com a construção se quer (conjunção subordinativa condicional se + verbo querer), que pode ser substituída por 'se deseja', 'se pretende' ou 'se espera'.

De encontro a - contra, em sentido contrário / Ao encontro de - a favor de, na direção de

A forma verbal da 1ª pessoa do plural exige que o pronome oblíquo esteja também na 1ª pessoa do plural. Se a forma verbal estivesse na 3ª pessoa do plural, o pronome oblíquo deveria ser usado na 3ª pessoa do plural.


Dica - preço caro ou barato? / pronúncia de impregnar / viajem ou viagem? / quizer ou quiser?

 O produto ou serviço pode ser caro ou barato, mas o preço pode ser alto ou baixo, módico ou exorbitante, extorsivo ou abusivo.

É comum a pronúncia de verbos com consoante muda, como captar, adaptar, optar, raptar, designar, dignar, impregnar, estagnar, consignar, impugnar, repugnar, resignar, serem pronunciados como se houvesse a letra i após a consoante g ou p. A sílaba tônica não deve ser substituída.

Viajem é uma flexão do verbo viajar no presente do subjuntivo, imperativo afirmativo ou negativo, enquanto viagem é um substantivo. 

Para evitar confusão, substitua viagem por passeio e viajem por passeiem. Substituindo a palavra que causa dúvida pela forma verbal, perceba qual delas mantém o período com sentido.

Somente os verbos que têm z em sua forma infinitiva devem ser conjugados com z, como dizer, fazer e trazer e derivados. Os verbos pôr, querer, usar e derivados, que não têm z no infinitivo, devem ser conjugados com s. Não confunda quis (forma do verbo querer) com quiz (questionário).


Dica - caixas de papelão ou de papelões? / crase antes de pronomes possessivos / regência do verbo implicar / entre mim e ti ou entre eu e tu?

 O plural de um substantivo dentro de uma locução adjetiva ocorre quando o elemento é composto por mais de um elemento: talão de cheques, caixa de sapatos, loja de brinquedos. Permanece invariável caso a locução indique matéria, medida ou finalidade.

Como o artigo é facultativo antes de pronomes possessivos, o uso da crase também o será diante de possessivos femininos no singular, desde que sejam pronomes adjetivos. 

Com pronomes possessivos no plural, a crase é obrigatória ou proibida. Com pronomes possessivos substantivos, a crase será de rigor. Com possessivos indicativos de nomes de parentesco, a crase é desnecessária, exceto em caso de intimidade.

O acento grave só pode ser usado diante de termos que admitam a anteposição do artigo a e estejam antecedidas de verbos ou nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) que rejam a preposição a.

Implicar - no sentido de acarretar: transitivo direto / no sentido de ter implicância: transitivo indireto, regendo a preposição com / no sentido de envolver-se: transitivo direto e indireto, regendo a preposição em

No sentido de produzir como consequência ou pressupor, o falante misturou a regência de resultar, que é transitivo indireto, regendo a preposição em, com a de implicar, que é transitivo direto.

Após preposições, usam-se as formas oblíquas dos pronomes pessoais, e não as retas.

Pronomes pessoais retos - exercem as funções sintáticas de sujeito, predicativo do sujeito, aposto ou vocativo, esse último com tu e vós

Pronomes pessoais oblíquos - exercem as seguintes funções sintáticas: 

Quando átonos - objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal, complemento nominal ou sujeito de infinitivo

Quando tônicos - objeto direto preposicionado, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial

A presença de verbo no infinitivo após o pronome indica uma oração reduzida, que pode ser desenvolvida.

Dica - particípio regular e irregular / beneficente ou beneficiente? / trata-se ou tratam-se? / somos EM três?

 Quando um verbo possui mais de um particípio, a forma regular é usada na voz ativa com os verbos auxiliares ter e haver, e a forma irregular é usada na voz passiva com os auxiliares ser, estar e ficar.

Os verbos chegar, trazer, empregar e encarregar só possuem as formas regulares: trazido, chegado, empregado e encarregado. Não há os supostos particípios trago, chego, empregue e encarregue, as duas últimas surgiram por influência de entregue.

As formas trazido e chegado só existem no presente do indicativo. As formas empregue e encarregue só existem no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo ou negativo.

Beneficiente não existe na Língua Portuguesa, a forma correta é beneficente, pois a palavra não possui relação com benefício, beneficiar ou beneficiário, e sim deriva do substantivo beneficência, e o superlativo é beneficentíssimo. Ocorre uma falsa associação entre palavras como eficiência / eficiente, deficiência / deficiente, proficiência / proficiente, consciência / consciente, ciência / ciente etc.

No sentido de ser, dizer respeito ou consistir em, o verbo tratar será transitivo indireto, regendo a preposição de, e o pronome se atua como índice de indeterminação do sujeito. Havendo sujeito indeterminado, a concordância verbal é feita na 3ª pessoa do plural. Entretanto, se a indeterminação do sujeito for marcada pelo pronome se, com verbos transitivos indiretos, intransitivos e de ligação, o verbo permanece na 3ª pessoa do singular, mesmo que o restante da frase esteja no plural. Com outros sentidos, o verbo tratar admite conjugação no plural, concordando com o sujeito das orações.

Considera-se imitação de construção italiana o uso da preposição em antes de numeral cardinal, após o verbo ser ou estar. Recomenda-se a construção legitimamente portuguesa. Lembre-se da novela 'Éramos Seis'.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Dica - preposição antes de pronome relativo / agradece-mos ou agradecemos?

 O uso da preposição antes de pronome relativo, quando este inicia uma oração subordinada adjetiva (restritiva ou explicativa), dá-se quando o verbo ou nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) exige a presença desta.

A desinência número-pessoal não pode ser separada do verbo. Esse erro confunde por associação com o pronome pessoal oblíquo, que pode ser usado antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) ou depois do verbo (ênclise).

A construção agradecer-mos pode ocorrer no português, embora seu uso seja literário. Ocorre a contração do pronome me com o pronome os, dando origem a mos.

Dica - pão-duro ou pão-dura? / vírgula e elipse / advinha e adivinha / entreteu ou entreteve?

 Duro é o pão, e não a mulher. Além de ser usado com hífen, no sentido de avarento, para evitar confusão com o pão envelhecido, o plural é pães-duros, pois, na formação do plural dos substantivos compostos, substantivos, adjetivos, numerais e pronomes, por serem palavras variáveis, variam.

Usa-se a vírgula para marcar a omissão de um termo (elipse ou zeugma).

Elipse - omissão de um termo facilmente subentendido pelo contexto / Zeugma - omissão de um termo que já apareceu antes, quando se pretende evitar sua repetição

Advinha - 1ª ou 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo do verbo advir, que significa suceder, resultar ou provir / Adivinha - 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo do verbo adivinhar, que significa interpretar, decifrar, desvendar ou descobrir

Os verbos derivados de ter, como manter, conter, deter, reter, entreter, obter, suster, abster-se e ater-se, devem seguir a conjugação do verbo primitivo. Abater não é derivado de ter, portanto segue a conjugação de vender.

Dica - baixa autoestima? / descriminar e discriminar / conhecer primeiro? / haja visto ou haja vista

 As expressões 'alta autoestima' e 'baixa autoestima' não são consideradas pleonasmo vicioso, e sim ênfase.

Discriminar - diferenciar, distinguir, separar, especificar / Descriminar - inocentar, isentar, descriminalizar, absolver

Conhecer primeiro - pleonasmo vicioso, pois é impossível conhecer depois. Substitua-se a expressão por 'ver pela primeira vez'.

Como conectivo, não existem as formas haja visto, haja vistos ou haja vistas, a expressão é sempre haja vista, assim como se diz ponto de vista. Haja visto é tempo composto do verbo ver.

Dica - além de e também / ascendência e descendência / vai vim ou vai / O problema são?

 Além de e também são sinônimos, ou se usa um ou outro, os dois juntos causam o pleonasmo do pleonasmo.

Ascendentes - pais, avós, bisavós / Descendentes - filhos, netos, bisnetos

Ascendência e descendência são palavras antônimas, apresentam significados opostos

Vir - infinitivo / Vim - 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo

Segundo o gramático Napoleão Mendes de Almeida, se o núcleo do sujeito for pessoa ou coisa, o verbo pode concordar com o predicativo ou com o sujeito. A primeira construção é considerada habitual; enquanto a segunda, literária. 


Dica - comprimento e cumprimento / melhor ou melhores? / tão pouco, tampouco e nem tampouco / plus a mais?

 Comprimento - extensão / Cumprimento - saudação, realização

Quando melhor equivale a mais bom, é adjetivo, varia em número e concorda com o substantivo ou pronome a que se refere. Quando melhor equivale a mais bem, é advérbio, é invariável, por se referir a verbo, adjetivo ou advérbio.

Tão pouco - muito pouco / Tampouco - nem, também não / Nem tampouco - pleonasmo vicioso

Plus a mais - pleonasmo vicioso, pois não existe plus a menos

domingo, 20 de setembro de 2020

Dica - adjetivo usado como advérbio / ganhar de graça? / planos para o futuro? / aspas e ponto final

 Quando um adjetivo é usado como advérbio, deve permanecer em sua forma neutra, pois não modifica um substantivo, e sim um verbo.

Como ganhar já subentende a ideia de algo que independe de pagamento ou de custo, ganhar grátis ou gratuitamente é pleonasmo vicioso, pois não se ganha nada pagando. Se você for adepto da oração de São Francisco 'é dando que se recebe', compra, troca ou negocia.

Planos para o futuro é um pleonasmo vicioso, pois não se planeja nada para o passado ou para o presente, a menos que você seja o Michael Fox do filme De Volta Para o Futuro com sua máquina do tempo. Se for atual ou antigo, será um projeto.

Se a citação formar um período, o ponto final pertencerá à própria citação, as aspas ficarão no início e no fim do período, ou seja, após o ponto final. Se esta estiver inserida em um período, o ponto final encerrará o período, e não a citação, ou seja, antes do ponto final.

Dica - concordância e pluralia tantum / é correto usar 'frente a'? / adjetivo em relação ao substantivo / regência do verbo agradecer

 Algumas palavras, como óculos, férias, núpcias, parabéns e pêsames, por convenção, são usadas ames no plural. Outras, no entanto, mudam de sentido quando usadas no singular ou no plural. Paroxítonas ou proparoxítonas terminadas em is ou us possuem a mesma forma para ambos os números, como pires, lápis, tênis, ônibus, vírus, ônus.

A expressão 'frente a' é uma imitação de construção espanhola. Recomenda-se a construção legitimamente portuguesa, 'em frente a', 'diante de', 'perante', 'na presença de', 'em relação a' ou 'relativamente a'.

Quando um substantivo é usado como adjetivo por derivação imprópria, não há flexão de gênero nem de número.

O verbo agradecer é transitivo direto e indireto: agradecer alguma coisa a alguém. Pode ser usado como transitivo indireto acompanhado de adjunto adverbial de causa, segundo Celso Pedro Luft.


Dica - regência do verbo informar / concordância com nenhum / crase com palavras no plural / cobrido ou coberto?

 Os verbos informar, avisar, comunicar, advertir, notificar, certificar, prevenir, aconselhar, impedir e incumbir apresentam as seguintes regências, sem alteração de sentido: informar algo a alguém, informar alguém de algo ou informar alguém sobre algo. Não se devem usar dois objetos diretos ou dois indiretos.

O pronome indefinido nenhum, seguido de substantivo ou pronome no plural, exige o verbo no plural. A lógica da língua portuguesa não é a mesma lógica da matemática, pois a concordância verbal se faz com o termo, e não com a ideia, exceto nos casos de silepse.

Quando um a estiver no singular, diante de uma palavra no plural tomada em sentido genérico, ocorrerá referência indeterminada, ou seja, ausência do artigo, não ocorrendo crase. Quando esta estiver sendo tomada em sentido específico, será precedida do artigo as e admitirá a crase.

O verbo cobrir já teve dois particípios: cobrido e coberto. O primeiro caiu em desuso, portanto usa-se a forma irregular com qualquer verbo auxiliar: ter, haver, ser, estar ou ficar. O mesmo ocorre com os verbos abrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir, que só possuem as formas: aberto, dito, escrito, feito, posto, visto e vindo, essa última idêntica ao gerúndio.


Dica - apaixonado em ou por? / crase antes da palavra terra / embaixadora ou embaixatriz / de mais ou demais?

 O verbo apaixonar-se, no sentido de encher-se de paixão, de afeto ou de entusiasmo, deve ser usado com a preposição por, e não em.

A palavra terra, quando se referir ao planeta ou estiver especificada, aceita artigo e, portanto, ocorre crase. Quando se refere a chão firme, não admite artigo e, logo, não ocorre crase.

Embaixadora é a representante diplomática, enquanto embaixatriz é a mulher do embaixador. Da mesma forma, imperadora é a soberana de uma nação e imperatriz é a esposa do imperador.

Demais significa muito, em excesso, além da conta e também os outros, os restantes. Em textos literários, pode significar além disso, de resto. De mais significa a mais e também pode indicar anormalidade ou estranheza.

Dica - interveio ou interviu? / uso dos verbos ter e haver / uso da expressão 'em função de' / se se é correto?

 Os verbos intervir, provir, convir, advir, sobrevir e desavir-se (desentender-se), que são derivados de vir, devem seguir a conjugação do verbo primitivo. Lembre-se da acentuação das formas do verbo vir e de seus derivados.

Na língua popular, e até por escritores de renome, é comum o uso do verbo ter, como impessoal, substituindo o verbo haver. Entretanto, esse uso é considerado incorreto segundo a norma culta, pois o verbo ter deve ser usado quando apresentar sujeito e significar possuir e o verbo haver deve ser usado quando não houver sujeito e significar existir, acontecer ou realizar, devendo ser empregado apenas na 3ª pessoa do singular, independentemente de o objeto direto estar no singular ou no plural.

A expressão 'em função de' deve ser usada apenas para indicar finalidade ou dependência ou quando o texto se referir à relação matemática de função. Para indicar causa, usa-se em razão de, por causa de, devido a, em virtude de.

A sequência 'se se' é correto, como as conjunções subordinativas, assim como palavras negativas, advérbios, pronomes relativos, pronomes indefinidos e pronomes demonstrativos, são fatores de próclise.


Dica - pronúncia de inexorável / concordância verbal com 'cada um' / o ou a covid-19? / plural de mau-caráter

 A palavra inexorável, que significa implacável, inflexível, rigoroso, severo, rígido, apesar de ser pronunciada com som de cs, como em táxi, tem sua pronúncia correta com som de z, como em exame.

Quando o sujeito é formado pelas expressões 'cada um', o verbo deve permanecer no singular, mesmo que haja um termo no plural.

O determinante deve concordar em gênero com a primeira palavra da sigla: o TRE (o Tribunal Regional Eleitoral) / a CNH (a Carteira Nacional de Habilitação). Covid-19 é substantivo feminino, mas coronavírus é substantivo masculino, e deve ser acentuado, por ser paroxítona terminada em us, como vírus, bônus, ônus e Vênus.

Na formação do plural de substantivos compostos, substantivos, adjetivos, numerais e pronomes vão para o plural, por serem palavras variáveis. Logo, o plural de mau-caráter é maus-caracteres.



Dica - subjuntivo ou indicativo? / sujeito composto ligado por ou

 O modo subjuntivo expressa um fato duvidoso, provável. Quando se quer expressar a ideia de certeza, usa-se o modo indicativo. Quando o suje...